Quem está passando por uma separação
parece que tudo se torna difícil de ser realizado. Perde-se a vontade de fazer
qualquer coisa que seja por si mesma, ainda mais participar ou manter uma
reeducação alimentar.
Isso pode ocorrer porque a pessoa
acaba por se sentir tão sem valor, que não encontra forças para fazer algo por
ela ou ainda, não acredita ser merecedora de nada que possa fazê-la sentir-se
bem, como se houvesse uma culpa oculta por seus sentimentos. Mas podemos, e
devemos, fazer algo para que consigamos suportar esse momento tão cruel e que
parece não ter fim.
Separar-se de quem se ama não é uma tarefa
das mais fáceis. É um momento de muita dor, como se tivessem atingido a nossa
própria alma, que agora sangra de tal forma que parece não irá se cicatrizar
nunca. As emoções ficam mais expostas e a razão parece sequer existir. Ficamos
totalmente sem defesas e, assim, sem proteção. E o que mais nos pedem é que
sejamos racionais. Como, quando tudo é sentido com tal intensidade que parece
não existir espaço para a razão?
Quando a decisão pela separação é
tomada pelos dois, que concordam ser esse o melhor caminho por não haver mais
amor, respeito, amizade, objetivos em comum, já é difícil por todo o processo
em si que envolve esse momento. Mas existem casos em que a separação acontece
quando um, ou muitas vezes, os dois, ainda se amam, mas determinada situação os
forçam a se separar.
Ou, ainda, há aquelas que são
literalmente abandonadas, sem sequer ter participado da decisão ou sabem os
reais fatores que levaram o outro a ir embora. O fato é que a separação quando
existe amor é uma fase que machuca demais os envolvidos, não atingindo apenas
quem já não sente mais amor, ou quem já está com outra pessoa em seu coração.
Para quem ainda ama, requer muito
esforço voltar a sentir prazer pela vida. Afinal, que vida, se sentimos que
quem foi levou um pedaço de nós? Dizem que o tempo é o melhor remédio, mas o
tempo parece se intensificar e prolongar ainda mais o que tanto dói.
Hoje, sequer existem amigos para
dividir esse momento e, muitas vezes, não há família, ou seja, não há ninguém
com quem dividir a tristeza, a saudade, com quem falar das dúvidas e perguntas
sem fim. Não há quem suporte ao nosso lado e preencha esse vazio tão intenso
deixado por quem se foi e por tudo que se acreditou.
É exatamente isso que dá a sensação
de vazio, os planos feitos, os sonhos que jamais serão realizados, ao menos com
quem se acreditou que seriam. Tudo isso acabou! Acabou o nós e é preciso de
novo voltar a dizer eu. Não há mais a nossa casa e sim, a minha. Não há mais as
ligações diárias, os jantares a dois, os momentos de prazer, as preocupações
divididas. Tudo agora terá que ser feito só.
A certeza de ter alguém que nos
espere, que se preocupe, que nos ame, nos dá muitas vezes a segurança para
continuar mais um dia e, que, de repente, não sentimos mais. Ficamos inseguras,
frágeis, sensíveis e apenas com uma certeza: não somos amadas como esperávamos
ser. E isso acaba por se refletir em todas as outras áreas de nossa vida,
comprometendo nossa concentração, criatividade, o trabalho e até a própria
saúde.
A tendência nesse momento é lembrar
apenas de tudo que havia de bom, dos momentos de alegria. Mas será que era
mesmo assim? Se fosse, haveria a separação? É preciso analisar todo o
relacionamento para identificar o que era desejo, idealização e o que era
realidade. A outra pessoa estava correspondendo aquilo que você esperava dela?
Será que nos últimos meses tudo era
mesmo feito junto e com satisfação para ambos? Quem acabava sempre cedendo para
agradar apenas ao outro? Quanto será que você não relevou, deixou para lá, não
esperou que o outro mudasse? Quais eram os motivos dos desentendimentos,
discussões e brigas? Os objetivos de cada um continuavam a ser os mesmos? Os
valores também?
Existiam demonstrações constantes de
amor? Os dois se sentiam amados e valorizados? O que levou ao distanciamento?
Havia diálogo, trocas constante de carinho, cuidado com o outro? Ou será que as
palavras de carinho começaram a dar lugar a ofensas e mágoas? Algumas palavras
ditas ferem como arma afiada que penetram no mais íntimo de nosso ser,
provocando feridas invisíveis, mas que dificilmente cicatrizam. Como e quando
as coisas mudaram? Por que não se conseguiu evitar a separação?
Acaba sendo instintivo julgar o outro
como responsável pelo nosso sofrimento em função de sua ausência. Mas será que
agora você não está tão sozinha quando estavam juntos? Todos esses sentimentos,
muitas vezes, contraditórios, podem nos deixar mais confusas ainda, quando o
que mais precisamos é de serenidade e confiança.
Sentimos medo de errar de novo, de
ficar sozinha, de ninguém mais querer dividir a vida conosco. De não ser mais
amada, desejada. De não conseguir superar mais essa perda e, assim, nos
isolamos, culpamos-nos pelo que fizemos e deixamos de fazer. E tudo parece não
ter mais vida e nem sentido para se continuar vivendo. Será que está sentindo
tudo isso porque o outro não está mais ao seu lado ou por que abandonou a si
mesma há muito tempo?
É importante nesse momento você
responder a si mesma todas essas perguntas com sinceridade para que possa
entender todo esse processo e voltar a perceber o valor que com certeza você
tem. Confrontar-se com os sentimentos que mais doem dentro de você é o caminho
mais certo para buscar a força interior que tem e é o que mais precisa nesse
momento.
RosemeireZago
Psicóloga
Psicóloga
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