quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Meu desejo para esse natal

Quando a noite chegar você certamente não terá tempo,
Quem sabe, se você me escutar, e puder me atender,
Não me apareça com sua roupa básica no padrão vermelho
Lembrando o amor que por egoísmo tentamos esquecer;

Que não venha com o amarelo do ouro que nos foi roubado,
Dos sorrisos das crianças esquecidas no orfanato fantasma,
Dos cabelos da loira explorada pelas máfias do mundo,
Da luz do farol do carro dirigido pelo bêbado na noite fria;

Não use traje azul do mar tão maltratado pelos navegantes,
Dos olhos da mulher traída pelo amante ausente na sua vida,
Do manto da Virgem Maria maculado por nós pecadores,
Nem do céu encoberto pelo ar poluído da chaminé da fábrica,

Esqueça o branco da bandeira da paz largada nas trincheiras,
Da pauta do discurso na convenção do líder sem escrúpulo,
Da alma pura da criança assassinada pelas balas perdidas,
Das penas da gaivota mergulhado no petróleo do poço.

Largue o verde da esperança das nossas matas incendiadas,
Do sinal de trânsito lento do cruzamento da rua da saudade,
Da farda do comandante aposentado pelas novas fronteiras,
Da lousa na sala de aula à espera do professor competente,

Mas, traga as cores do arco-íris dando vida às nossas vidas,
Leve fé ao sonho maior do ancião doente e largado no asilo,
Coloque o sorriso de volta ao rosto pálido do menino de ruas,
Dê consciência aos homens sem amor ao nosso cristo.


Sergio Kante

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