Pela primeira vez, o 'Projeto Nome Legal' desenvolvido pelo
Ministério Público da Paraíba (MPPB) obteve um reconhecimento de paternidade
socioafetiva por ação judicial. A paternidade socioafetiva é um conceito
jurídico que visa ao estabelecimento da relação de paternidade com base em
outros fatores além da relação genética, como a convivência e a afetividade
existente entre o pai e filho. Na prática, é o pai de criação assumindo
oficialmente a paternidade do filho.
O caso aconteceu em Campina Grande, onde o 'Projeto Nome Legal' é
desenvolvido sob a coordenação da promotora de Justiça Elaine Cristina Pereira
Alencar. O resultado da paternidade, segundo a promotora, foi alcançado em
menos de 90 dias após a distribuição da ação, envolvendo uma família do Bairro
do jeremias, em Campina Grande. “A decisão que reconheceu o vínculo
socioafetivo entre os interessados tramitou na 5ª Vara de Família de Campina
Grande e foi proferida no dia 18 de fevereiro deste ano”, informa a promotora,
adiantando: “Há outros cinco procedimentos preparatórios em fase de instrução
que irão culminar em ações para o reconhecimento da paternidade pelo vínculo
socioafetivo”.
No estado da Paraíba o 'Projeto Nome Legal' é colocado em prática
pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias (Caop) Cíveis e Família, sob a
coordenação da promotora de Justiça Paula da Silva Camillo Amorim, que, em
janeiro deste ano, apresentou o planejamento do Caop para o procurador-geral de
Justiça, Bertrand de Araújo Asfora. Na oportunidade, ficou definido que o MPPB
iria dar continuidade ao 'Projeto Nome Legal' e interiorizar o combate ao
sub-registro, como principais ações a serem desenvolvidas neste primeiro
semestre de 2014.
A previsão da promotora Paula Camillo é que deverão ser realizados cerca de 40 mutirões do 'Nome
Legal' em todo o estado. Os mutirões tiveram início em fevereiro. O projeto tem
como objetivo garantir que crianças e adolescentes tenham o nome do pai e da
mãe em suas certidões de nascimento. Dentro desse projeto, que integra o
planejamento estratégico do MPPB, são requisitados das Secretarias Municipais
da Educação a relação dos alunos que não tenham menção ao nome do pai no
registro de nascimento. Posteriormente, são realizados os mutirões para ouvir
as mães dos alunos e pais que estiverem presentes. Por meio de uma parceria
entre o Ministério Público da Paraíba e a Secretaria da Saúde do Estado são
realizados exames de DNA, nos casos em que há dúvida sobre a paternidade da
criança ou do adolescente.
Outra ação que serão desenvolvida é o combate ao sub-registro de
nascimento, que é a quantidade de pessoas que não possuem registro de
nascimento nem qualquer outro tipo de documento. Esta ação, realizada em
parceria com a Secretaria do Desenvolvimento Humano do estado, deverá ser
interiorizada. Atualmente, ela ocorre somente em João Pessoa.
Já para o segundo semestre, o Caop vai iniciar, por meio de uma
equipe multidisciplinar, uma capacitação de promotores para a resolução
extrajudicial de conflitos. Além disso, deverá executar juntamente com o Caop
da Educação um projeto para estimular a família na escola.
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