A Polícia
Civil da Paraíba, por meio da Delegacia de Crimes contra o Patrimônio da
Capital, elucidou o homicídio do estudante de medicina veterinária Marcos
Antônio Nascimento Filho, 28, apontando a irmã dele, Maria Celeste, como mandante
do crime. Ela foi presa nessa segunda-feira (27), junto com outras cinco
pessoas também envolvidas no assassinato, que aconteceu no dia 4 de junho deste
ano, dentro de uma padaria no bairro Jardim Luna, em João Pessoa, com a
simulação de um latrocínio.
Durante
a operação denominada Gênesis, em referência ao primeiro livro da Bíblia que
relata a morte de Abel por Caim, foram presos por cumprimento de mandado de prisão
Maria Celeste do Nascimento, Welida Rainara da Silva, companheira dela e
cúmplice no assassinato; Severino Fernando Ferreira, que intermediou o contato
de Celeste com os executores Nielson da Silva e Ricardo Fernando Ferreira, que
efetuou os disparos. Outra pessoa, detida por mandado de prisão temporária,
está tendo a participação investigada e seria o comprador de bens vendidos pela
mandante.
Nas
residências de todos ainda foram cumpridos mandados de busca e apreensão, que
resultaram na localização de duas armas de fogo, entre elas aquela que a polícia
acredita ter sido utilizada para o crime, um revólver calibre 38, munições,
celulares e um relógio roubado da vítima. O material será encaminhado para
exames no Instituto de Polícia Científica (IPC).
De
acordo com as investigações, a motivação do crime está ligada ao fato de que
Maria Celeste tinha como objetivo obter todo o patrimônio da família. “A
mandante do homicídio, após a morte do pai, começou a dilapidar o patrimônio da
família e esse comportamento não era aceito pelo seu irmão, Marcos Antônio. Ela
vendeu duas casas em Bayeux, vendeu um automóvel do irmão, e ainda falsificou
uma procuração com o nome dele, para vender um imóvel que era dele por herança.
Quebramos o sigilo telefônico de Celeste e tivemos acesso a mensagens trocadas
pelos dois irmãos, nas quais a vítima fazia cobranças, acerca da venda da casa
dele e do automóvel. Ele não aceitava a conduta da irmã e passou a ser visto
como um obstáculo”, explicou a delegada Júlia Magalhães, titular da unidade
especializada. A autoridade policial ainda acrescentou que Maria Celeste dopava
a mãe, que tem a saúde debilitada, para realizar os gastos sem que ela
percebesse.
O
delegado Aldrovilli Grisi, titular do inquérito, destacou o trabalho da perícia
e do isolamento de local de crime, que contribuíram para a descaracterização do
latrocínio e confirmação do homicídio. “As imagens do circuito de câmeras da
padaria mostram que no momento em que Maria Celeste saiu do estabelecimento,
levando todo o dinheiro do caixa, dois homens entram e anunciam o suposto
assalto. Eles não saem de perto do Marcos. Um deles se dirige ao caixa e pega
poucas moedas e o outro atira na lixeira, tentando intimidar a vítima. Depois,
pedem para Marcos se ajoelhar e atiram na cabeça dele, fugindo com sua moto,
que foi abandonada na BR. Todo o procedimento foi feito no intuito de simular
um assalto, mas a perícia mostrou que o crime tinha características de
execução”, frisou.
Com
acesso às imagens, a Polícia solicitou a quebra do sigilo telefônico de Maria
Celeste e teve acesso ao ‘ICloud’ do telefone celular, onde as conversas entre
os irmãos eram armazenadas. “Em uma dessas conversas, Marcos chegou a ver a
irmã articulando um assalto contra pessoa para a qual ela venderia os bens, um
empresário. Também questionava a venda da casa e do automóvel”, explicou Grisi,
acrescentando que somente essa transação havia rendido a mandante do homicídio
mais de R$ 1 milhão.
A polícia
também destacou que durante as investigações Maria Celeste foi várias vezes à
Central de Polícia e em duas delas cobrou a liberação da moto que havia sido
recuperada no dia do crime, visto que havia prometido o referido bem a Nielson,
Severino e Ricardo como pagamento do assassinato.
Todos
os presos serão indiciados por homicídio e serão encaminhados para unidades
prisionais da Capital. As investigações continuam, para delimitar a
participação de cada um dos envolvidos na execução do crime.
Secom/PB
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